segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Desenhe esta ideia

Realiza-se de 16 a 27 de Fevereiro o concurso de Desenho e Pintura “Gesto Ambiental”, dirigido a estudantes do primeiro Ciclo do Ensino Secundário (7º e 8º Ano), matriculados nas escolas secundárias de São Vicente. A proposta é da ONG Rabidá, com o patrocínio do Centro de Juventude de São Vicente e da Kaza d’Ajinha, e o apoio da Delegação do Ministério da Educação e do Ensino Superior.

O objectivo fundamental deste concurso, que se realiza no ano consagrado ao Planeta Terra, é sensibilizar a comunidade educativa para a acção positiva de cada um a favor do nosso planeta. Por outro lado, quer valorizar a expressão visual como forma de comunicar mensagens que ajudem a melhorar o espaço onde vivemos.

O concurso será orientado a partir de Sub-temas propostos, nomeadamente a preservação dos recursos naturais, o combate à desertificação, o consumo responsável da água, o tratamento do lixo, a escola e os valores ambientais, entre outros.

O prazo limite para a entrega dos trabalhos é 27 de Fevereiro. O resultado do concurso será anunciado a 18 de Março. Os dez melhores classificados irão frequentar um Curso de Iniciação ao Desenho e Pintura, dirigido pelo pintor cabo-verdiano Kiki Lima. E os três primeiros classificados serão contemplados com materiais de pintura.

Os trabalhos produzidos durante o Curso farão parte de uma Exposição itinerante pelas diferentes escolas participantes, a partir de 02 de Maio de 2009.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sakedu

Hilário. Ontem, no jogo entre o Sporting da Praia e o AS FAR de Rabat, no Estádio da Várzea, a equipa da Rádio de Cabo Verde fez o relato todo sakedu! Luís Carlos Vasconcelos reclamou da situação, claro! Segundo Canfra, é uma afronta a cabine não ter cadeiras/assentos/bancos/moxu ou qualquer coisa com quatro pernas e um assento. Uma lacuna que, segundo o radialista, é insustentável para alguém com mais de 50 anos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PRACISMA de Luís Romano I














Deus = Diáb’ – Sant!

Diáb = Deus-mofine!

Ága = Sede moád’ na tchôn de secura!

Poeta = Dôd’ imporbuíd na Liberdade de Mund!

Religiôn = Brafúnda criad pa Mêd ô Circunstánça!

Muêr-Féma = Intentaçôn pa consolá nôs’penitênça!

Flôr = Bría abrid qe ta tchêra sabe!

Côr = Mudança de posiçôn d’ aluz de Sol!

Borboléta = Flor ta voá!

ULÍNS = Nôs’Tude esfomead de tud-cásta de fome!

KABVERD = Nôs Pap-séc / de / Nôs Cab-séc!...

(In Kriolanda, Estigmas, CV, 1975/Brasil, 1995)

Muito tempo sem briu?

Terra de Quem?!

O cabo-verdiano elegeu a Morabeza como sendo a pintura mais perfeita e realista do seu país. Escolhemos essa palavra como cartão de visita e vendemo-la ao exterior. Concordando ou não, é esse o enquadramento escolhido e emoldurado por aqueles que negociam a nossa imagem. Mesmo tratando de forma discriminatória os senegaleses, guineenses, e outros oriundos de vários países da África, consideramo-nos um povo hospitaleiro e simpático porque estendemos o tapete vermelho e sorrimos aos que vêem de continentes mais distantes do NOSSO.

Faço este caminho para falar de identidade, daquilo que nos caracteriza e obviamente nos distingue dos demais. E nessa sede de afirmação, por vezes, aparecem em negrito traços e estereótipos que estão longe de resumir a alma do nosso povo. À nossa ilha, por exemplo, foram-lha atribuídas algumas faces que já não passam de velhas fantasias de Carnaval e de lendas inventadas por aqueles que querem São Nicolau mergulhada no sono do passado sem acordar para o futuro. Os mais modestos rimavam São Nicolau com farinha de pau. A bendita farinha caiu no esquecimento e deixou aos pintores de identidade a ingrata missão de desenharem uma nova ilha.

O seminário liceu da Vila de Ribeira Brava escreveu uma página imprescindível na história de Cabo Verde e assumiu como sendo o rosto, o corpo e a alma desta ilha. Em 1917 o seminário liceu fechava as suas portas e condenava a ilha a uma nudez de rosto, corpo e alma.

O seminário, mesmo com as portas fechadas, só conseguiu ser abafado pela sombra de um rapaz chamado Chiquinho que nasceu no Caleijão e cresceu tanto que já não cabia na sua própria ilha. Hoje somos conhecidos pela ilha de Chiquinho, personagem criado pelo maior nome da literatura cabo-verdiana - Baltazar Lopes da Silva. Este, assim como Chiquinho, ficou um gigante inadaptado à sua própria ilha e afastou-se dela. Depois da morte, foi condenado pelos sanicolauenses a manter-se eternamente de pé e imóvel na praça de correios.

É injusto esta terra ser apenas de Chiquinho. São Nicolau é a ilha dos que daqui são e aqui estão. É do pescador que vence todos os dias o mar, é do agricultor que rega o chão com o seu suor e é do rapazinho que de manhã é estudante e à tarde é pastor. São Nicolau é “NOSSA NÔSS TUD”, não é de fulano nem de sicrano.

Nuno de Pina